Quando eu era criança minha casa vivia rodeada de amigos dos meus pais e, quando havia festinhas, eu adorava estar entre eles. Eu ficava ali caladinha, ouvindo a conversa dos adultos que tanto me fascinava. Eu adorava as piadas que eles contavam, adorava o modo como eles se divertiam com aquilo: bebendo, rindo à toa, sendo felizes. E eu aprendi a nunca pegar a cerveja pelo meio, para não congelar; e quando congelava, me mandavam alisar o fundo da garrafa. Aprendi o que era uma cerveja "capa branca", e que a saideira nunca era a última cerveja da noite. Depois sempre vinha cerca de três "expulsadeiras". Aprendi que quando a espuma era demais, e ia derramar no copo, bastava colocar o dedo que ela baixava. Eu aprendi também a mexer no som para comandar o repertório da turma e poder cantar com minha mãe: "Eu lembro da moça bonita da praia de boa viagem..."
Eu me divertia na noite de Natal acordada até a hora em que eles ficavam na calçada, e ouvia sempre a mesma pergunta: "Menina, você não tem sono, não?", mas eu não tinha. Eu trocava qualquer sono por aquela mesa rodeada de amigos dos meus pais. No reveillon eu amanhecia o dia na calçada e ainda acompanhava minha mãe até alguma outra casa onde a farra continuasse rolando. Porque depois que meu pai partiu para um plano superior (isso faz parecer menos triste do que de fato é), eu passei a ser a companheira da minha mãe. Jantares, aniversários, festinhas, ela me levava a todos os lugares como sua fiel escudeira. E eu sempre lá, ouvindo a conversa dos adultos, ouvindo e adorando tudo.
Talvez de tanto conviver com pessoas mais velhas e por gostar de ouvir suas histórias, eu tenha crescido com uma cabeça à frente do meu tempo. Não por mérito próprio, mas a vida me obrigou a isso. Me fez amadurecer cedo demais, enfrentando uma grande perda precocemente e tendo lutado para viver logo após nascer.
Hoje eu participo de farras no mesmo estilo com os meus amigos, e me divirto muito. Adoro tudo isso! Mas, não sei porque, acho que nada se compara àquela felicidade que eu tinha de ficar na mesa dos adultos ouvindo e observando a tudo. Acho que eu admirava toda aquela alegria e queria também participar das mesmas emoções um dia. Esse dia chegou (um tanto antes da hora), mas nada consegue superar aquelas noitadas na calçada, que aconteciam quase toda sexta-feira. E tomara que algum dia eu me sinta tão realizada com os meus amigos como eu me sentia com os amigos da minha mãe. Tomara.
Eu me divertia na noite de Natal acordada até a hora em que eles ficavam na calçada, e ouvia sempre a mesma pergunta: "Menina, você não tem sono, não?", mas eu não tinha. Eu trocava qualquer sono por aquela mesa rodeada de amigos dos meus pais. No reveillon eu amanhecia o dia na calçada e ainda acompanhava minha mãe até alguma outra casa onde a farra continuasse rolando. Porque depois que meu pai partiu para um plano superior (isso faz parecer menos triste do que de fato é), eu passei a ser a companheira da minha mãe. Jantares, aniversários, festinhas, ela me levava a todos os lugares como sua fiel escudeira. E eu sempre lá, ouvindo a conversa dos adultos, ouvindo e adorando tudo.
Talvez de tanto conviver com pessoas mais velhas e por gostar de ouvir suas histórias, eu tenha crescido com uma cabeça à frente do meu tempo. Não por mérito próprio, mas a vida me obrigou a isso. Me fez amadurecer cedo demais, enfrentando uma grande perda precocemente e tendo lutado para viver logo após nascer.
Hoje eu participo de farras no mesmo estilo com os meus amigos, e me divirto muito. Adoro tudo isso! Mas, não sei porque, acho que nada se compara àquela felicidade que eu tinha de ficar na mesa dos adultos ouvindo e observando a tudo. Acho que eu admirava toda aquela alegria e queria também participar das mesmas emoções um dia. Esse dia chegou (um tanto antes da hora), mas nada consegue superar aquelas noitadas na calçada, que aconteciam quase toda sexta-feira. E tomara que algum dia eu me sinta tão realizada com os meus amigos como eu me sentia com os amigos da minha mãe. Tomara.
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