quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Aparências enganam

Nunca, jamais, em hipótese alguma julgue alguém apenas pela aparência. O exterior nada mais é que uma capa que pode remeter a um best-seller e, na verdade, não passar de cultura inútil e sem conteúdo. No entanto, aquela capa sutil, timidamente inacabada ou berrante demais, pode lhe oferecer o interior mais fascinante que você venha a conhecer ou experimentar em muitos anos.

H.B.C.

Em silêncio

Tentou falar
A voz fraquejou
Tentou cantar
A garganta esquentou
Resolveu gritar
E ninguém escutou
Experimentou amar
E, em silêncio,
O mundo inteiro ouviu.

H.B.C.

Humanos

Humanos são falhos
Se pervertem de anseios
Floreiam os medos
Pintam com suas prórpias cores
A essência de um mundo
Infinitamente particular
Se esquivando do vulgar
Tentanto não fraquejar.

Humanos são raros
Cada qual à sua maneira
Vertendo a sua essência
Treinando a paciência
Fazendo crer que vale viver
Apesar de viver, e saber.

Humanos, sim, existem
Estão espalhados por aí
Abrigando um infinito
Um perfil tão bonito
Que não dividem com qualquer um
Seu egoísmo não deixa ver
O que o ego faz transparecer
Humanos, como diria Nietzsche,
São demasiadamente humanos.


H.B.C.

O Livro

Um livro?
Ah, um livro tem cor
Livro tem sabor
O volume entre os dedos
A textura do papel
Infinito feito o céu

O livro tem magia
Tem pudor e harmonia
Um mundo dentro de si
Infinita sabedoria
Temor e fantasia
Paixão, muita paixão

H.B.C.

Amigos de infância

Há algumas semanas, minha mãe chegou em casa bastante cabisbaixa e pensativa. Eu logo estranhei, pois temos uma relação muito sadia. Convivemos nessa casa transpirando o riso e, vez ou outra, rola um stress, mas nunca a indiferença. Perguntei o porquê daquela angústia e, ao olhar para mim com olhos tristes e vagos, ela respondeu: “Minha filha, hoje eu cumpri uma tarefa muito difícil, fui visitar uma amiga de infância que estudou comigo no colégio e agora está à beira da morte. Ela é tão nova, era tão cheia de vida...”

No mesmo instante em que ouvi aquelas palavras, senti uma pontada forte no peito e uma tristeza amarga invadiu meu âmago. Pensei, só por um segundo, o que eu sentiria ao ver um amigo de infância partindo assim, deixando rastros, dizendo um adeus prematuro.

Amizades de infância são tão lindas, tão puras, tão sinceras, que é impossível não sentir saudade. São elas que estão do nosso lado quando descobrimos os prazeres da vida, quando sofremos perdas, quando simplesmente queremos brincar. Sinto falta de todos os amigos dos meus tempos de criança e, não que eu queria voltar atrás, mas foram anos muito felizes da minha vida. Muitas dessas pessoas continuam por perto, algumas com maior intensidade, outras com menos. Mas, o que realmente importa é que cada um deixou marcas de sua presença em minha memória.

Lembro dos que tocaram a campainha dos vizinhos comigo, aqueles com quem eu passei finais de semana em seus sítios, aqueles para quem eu telefonava quase todo dia, uma que assistiu à minha grande queda de patinete e tomava banho de piscina de roupas, outros que vinham brincar a tarde toda na minha casa, os que invadiam as casas alheias para roubar acerola, aquelas que adoravam a barbie tanto quanto eu, alguns que sempre estavam em meus aniversários mas eu tinha pouco contato, uns que brincavam de pega-pega e esconde-esconde na pracinha e me deixavam sempre no papel de “café com leite”.

Me dói pensar que um dia eu tenha que me despedir de qualquer um desses amigos da forma como minha mãe foi impelida a fazer. Sua amiga tinha um câncer que já havia se espalhado por quase todo o corpo, e ela estava em fase terminal. Deixou o hospital, foi para casa e estava apenas esperando a sua hora. E cinco dias antes de essa hora chegar, minha mãe foi visitá-la. Voltou muito triste, e não podia ser diferente.

Um riso perdido, a inocência das brigas bobas, a vontade constante de brincar, o amor pela natureza, o colorido surreal. Tudo isso remete à minha infância. Os meus amigos que lá estavam foram peças fundamentais nesse equilíbrio de forças entre razão e emoção. A nossa vida pode ser da cor que a gente pinta, e eu faço dos meus amigos os pincéis para pincelar a minha história, a qual eu chamo de fábula. Talvez breve, mas deliciosamente intensa.

H.B.C.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O que niguém vê

Eu sou o que ninguém vê. Sou minhas conversas secretas com minhas confidentes, minha paixão pelos livros, meus pensamentos malucos e, por que não, meus sonhos surreais. Sou a menina escondida detrás das películas do carro, cantando músicas breguinhas sem nem olhar para os lados. Sou meu pijama cor de rosa o dia inteirinho, o bom humor peculiar logo no início da manhã, meu jeito bobo de conversar com meu cachorro imaginário. Sou as gargalhadas com as minhas amigas inseparáveis, minha falta de vergonha ao dançar mais do que empolgada numa festa. Sou a minha ressaca moral logo após ter aprontado todas.
Sou a mania de fixar os olhos num ponto qualquer e desligar do mundo, o descaso com o celular ligado. Sou meus medos, minhas angustias, meus sentimentos. Sou minha insônia de domingo a domingo.
"Sou uma infinidade de detalhes que seria incapaz de listar aqui. Mas principalmente: sou minha ânsia em manter ocultas as minhas peculiaridades mais banais. Aquelas que podem até aguçar a curiosidade, mas não têm serventia alguma aos meus amigos. Eu sou a janela do meu quarto sempre fechada aos olhos, binóculos e filmadoras de vizinhos carentes da aventura de viver suas próprias vidas."
Eu sou o que ninguém vê.

H.B.C.

Quem sou

Vou tentar responder a esta pergunta sabendo que, na verdade, não vai importar tanto assim se vc souber ou não “quem sou eu”. Não gosto de contar a idade pelos anos de vida, mas pelas experiências vivenciadas e, desse modo, digo-lhe que tenho vivido intensamente há 19 anos. Defeitos? Todos têm. Mas o que faz a diferença é a nossa maneira de encará-los, e eu, particularmente, os levo em segundo plano, deixando que a minha alegria passe por cima de qualquer um que insista em dar a cara à tapa.

Sou uma pessoa cheia de contradições, ora menina extrovertida, ora mulher introspectiva. Como boa pisciana, tenho uma sensibilidade à flor da pele que permite adaptar-me facilmente a qualquer ambiente. Além disso, meus instintos são aguçados, muito aguçados.

Na maior parte do tempo estou calma e adoro conversar, trocar ideias. Mas se essas ideias entram em conflito, nem perco o meu tempo discutindo quem está certo ou errado. Talvez seja egoísmo meu, mas me faz bem observar a ignorância humana e saber que não participo dela. Ver, ouvir, buscar, entender... todas estas são palavras que fazem muito sentido pra mim.

Pra viver bem eu preciso estar sempre apaixonada por alguma coisa, faz parte da minha essência. Às vezes um livro, ou um filme, uma canção, uma ideia, ou até mesmo por um certo alguém. Tenho uma facilidade imensa de ir às lágrimas, porém maior ainda de esboçar um sorriso sincero.

Ademais, sou estudante de Direito, encantada pela lua, muito desligada e desapegada ao telefone celular e viciada em chocolate. Considero bastante os meus amigos e sou apaixonada pela minha família, não suporto pessoas dramáticas que cobram atenção, adoro ler romances, não dispenso uma boa farra, tenho um imenso respeito pela língua portuguesa, não me sinto bem em ambientes onde a falsidade e a hipocrisia dão a tônica e sinto vergonha alheia pelos políticos do nosso país.

Um dia fui chamada de “Ourinho”, e eu não sei dizer quanto desse ouro ficou, quanto se foi e quanto ainda há de brilhar. Mas sei que não admito pré-conceitos, então é melhor esquecer tudo o que leu até aqui e tentar me conhecer primeiro, antes de julgar ou criticar. Eu avisei que não iria importar se vc soubesse ou não “quem sou eu”, isso porque eu tenho um defeitinho crônico que te deixa impotente quanto a que ação ou reação esperar de mim. É uma leve imprevisibilidade.

H.B.C.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Mulheres que se valorizam

É impressionante a proporção, ou melhor, desproporção de mulheres em relação a quantidade de homens. E quando se fala em mulher bonita, então, o problema é gritante. O Brasil, e principalmente nosso RN, tem muita mulher bonita para pouco homem, uma realidade que incomoda a nação feminina.

Quem de nós não já se pegou pensando: “Puxa, a fulana é tão bonita pro beltrano, ela merecia coisa melhor...” Convenhamos que esse é um senso comum, achar que por ser bonita a mulher precisa ter um homem superior ou igualmente bonito ao seu lado. Mas esse é um engano, porque um cara interessante está longe de ser alguém com “casca”. Vai muito além disso.

Um homem não necessariamente precisa ser lindo para conquistar uma mulher. Ele tem que ter lábia e, mais do que isso, bom humor, educação. O homem atraente é aquele que sabe seduzir com um bom papo, aquele que tem seu charme independente de estar arrumado ou não. Nós gostamos dos “bixinhos” estilosos e bem vestidos, claro. Mas para ser atraente, não é preciso ser moreno, alto, bonito e sensual; tem que ser inteligente. Tem que ter sensibilidade para enxergar além do óbvio. (E pode, aliás, deve dispensar a velha camisa regata!)

Quando eu olho para a quantidade de mulheres bonitas, bem vestidas, arrumadas, perfumadas, charmosas e elegantes que estão solteiras, por opção ou não, eu me pergunto: “Como é possível investir tanto em si e não ter homens fazendo fila para conquistar uma mulher dessas?” Gastamos quantias exorbitantes comprando roupas, acessórios, bolsas, sapatos, hidratantes, maquiagem, perfume, óculos, relógios. Assistimos a muitos filmes, frequentamos bons restaurantes, lemos “O mundo de Sofia” de trás para frente, assinamos as revistas Vogue e VEJA, fazemos musculação, vemos o Programa do Jô e Amaury Jr, apreciamos boa música, nos depilamos todo mês, hidratamos nossa pele, conhecemos citações de Nietzsche, Freud e Descartes, entendemos de moda e decoração, falamos inglês e um pouco de francês, adoramos viajar, somos educadas, não fumamos, bebemos com moderação e adoramos dançar. Investimos em nós, não só fisicamente, mas também culturalmente. Uma mulher que não sabe a pronúncia certa de Louboutin ou não conhece a importância de Coco Chanel para a nossa liberdade, bem, não pode se dizer moderna.

Acontece que os nossos valores estão invertidos. Vivemos uma época de inconstâncias, onde ninguém sabe ao certo o que quer e, muito menos, quem quer. Vejo homens que tem namoradas perfeitas, aparantemente, claro, pois ninguém é perfeito, mas traem a namorada com mulherzinhas vulgares sem o menor traquejo e elegância. Tudo isso para provar o quê? E para quem?

Para trair, o homem só precisa de oportunidade. Mesmo que a relação esteja ótima, mas se namorada afrouxar a vigilância, é bingo! No dia seguinte o cara já estará contando vantagem para os amigos, porque é isso mesmo que eles fazem. Já a mulher, geralmente trai com sentimento, com alguém que ela tenha possibilidade de se envolver. E além do mais, a mulher só trai se tiver motivo.

Com tanta mulher interessante e bem resolvida por aí, os homens deveriam repensar seus princípios e perceber que ter uma mulher dessas, que se valoriza e cuida de si, ao seu lado vale muito a pena. Vale pela vizinha gostosa, pela prima distante e a colega vulgarzinha todas juntas.

Homens, se liguem, acordem!!! Valorizem as mulheres que se valorizam.

OBS.: Se valorizem também e joguem aquela regata no LIXO!

H.B.C.

Viva Caicó!

Caicó é uma cidadezinha muito acolhedora, do interior do Rio Grande do Norte. Inúmeras famílias descendem dessa terra maravilhosa e abençoada, capital do Seridó. Conhecida por sua culinária regional típica, abençoada pela carne de sol, queijo de manteiga, sequilhos, raiva, dentre outras verdadeiras delícias. O povo caicoense é hospitaleiro e acolhe a todos que vêm usufruir do inconfundível calor que aqui impera, mas isso ainda não é o melhor da nossa terra. Bom mesmo é a farra que só o povo caicoense sabe fazer, com todo respeito.

Os maiores cenários festivos da cidade são o carnaval e a festa de Sant’ana, que acontece todo ano no mês de julho, com direito a novenas todas as noites, procissões de abertura e encerramento, jantar de Sant’ana e ainda festas e mais festas, tanto na ilha quanto no clube. Há também um grande acontecimento, que para muitos é o melhor, a feirinha de Sant’ana realizada na tarde da quinta-feira da segunda semana de festa. Há diversão para todas as faixas etárias, crianças no parque, adolescentes nos shows, adultos na festa do ex aluno diocesano e ainda idosos no jantar e nas pracinhas.

As festas de clube geralmente acontecem na segunda semana de festa, da quinta ao sábado, mas engana-se quem pensa que só tem farra à noite! De tarde, os restaurantes “Chalé” e “Armazém bar” são alvos dos “bixinhos” e” bixinhas” que vêm desfrutar da festa de Sant’ana. A rua fica lotada, principalmente nas esquinas do Chalé, cada grupo de amigos liga seu paredão com um show de aviões do forró ou garota safada mais atualizado e começa a diversão.

Vê-se bixinhas todas arrumadíssimas com seus cabelos lisos impecáveis, óculos enormes com astes diferenciadas e lentes degradées, bochechas rosadas e cílios alongados, pulseiras e relógios no mesmo braço, blusinhas regatas compridas com um cinto por cima ou colar de pérolas dado um nó e shortinhos curtos ou folgadinhos com pontas desfiadas ou ainda shorts altos que batem na cintura. Moda é moda. E pra completar tem que ter o famoso salto plataforma, bixinha que é bixinha só sai de salto.

Cada qual com seu copo na mão, os das bixinhas são sempre coloridos e quanto mais “cheguei”, melhor. Elas preferem beber ICE ou vodka, mas há ainda as que adoram cerveja no calor da tarde. Os bixinhos bebem whisky ou cerveja, sem exceção. Vestidos em suas pólos com um cavalo bordado do lado ou camisas com os dizeres “A & F” ou ainda “ABERCROMBIE” em letras garrafais, os mais ousados usam ainda cintos ensacando a parte da frente da camisa e abusam de chinelos de couro no estilo “Frei Damião”.

Sempre há aquele bombado que faz questão de exibir seus músculos com uma camisa regata bem justa mas, escutem bem, homens, JAMAIS usem camisa regata, por mais bixinho ou estiloso que vc seja, uma regata destrói o visual e dá um ar de cafuçú que vcs não tem a mínima noção. Quando um cara é forte, qualquer camisa mais justa que ele use deixa isso em evidencia, e é muito mais bonito, estiloso e elegante do que uma REGATA. Vai por mim!!

Pra terminar, a turma toda vai ao show de forró que acontece à noite, na ASSEC, AABB ou Iate, onde o ponto alto é a festa da juventude com Aviões do forró, e os casais ou a turma mais velha prefere ir ao tradicional Baile dos coroas, que também não deixa a desejar no quesito animação. Nessas festas acontece a paquera, a curtição, o raxa do litro, a animação geral do povo caicoense e agregados. Não fica ninguém de fora, o intuito é unir o máximo de amigos na resenha.

No final da noite, ou melhor, ao amanhecer o dia a turma toda vai tomar o famoso caldo no açougue ou em Sassá, que dizem os mais astutos: “Levanta até defunto!!” Os mais animados ainda engrenam pra outra resenha e aí começa um teste de resistência pra ver quem aguenta mais. E é então que muito cansados, porém felizes, os farristas se despedem de Caicó no domingo com uma saudade já sentida e a certeza de que no próximo ano voltarão e será ainda MELHOR!!

E viva Caicó!!!

H.B.C.